Agora me faça o favor
me apague da sua vida.
Feito lápis, papel e borracha
jogue fora minha
escova de dente,
rasgue as fotos
ponha no lixo
os presentes
deixe as roupas na portaria
(educação, sempre)
E me diga,
olhe bem pra mim
e diga que não me ama mais
que não te faço bem
que o riso se acabou
que meu corpo não encaixa mais no seu
diga pra mim
ou me deixa te fazer feliz de novo.

Fico me perguntando
quando esse tempo
vai acabar
levar essa dor embora
A gente podia apagar
um pouquinho dessa mágoa
podia ir ali na beira
d’água
lavar os pés
A gente andou tanto
por aí…
Andei pisando um pouco
em vidro quebrado
e me machuquei
e estou melhorando
mas cada dia que passa
cada passo que eu piso
As feridas abrem
um pouquinho
e a gente não pode
parar, né?
Então eu tenho que
me acostumar
que cada dia vai ter
um pouco de cura e
um pouco de dor…
E como num jogo
de casas,
às vezes parece que
somos punidos
e voltamos meses atrás
pras mesmas conversas
as mesmas velhas mágoas
o mesmo não-perdão…
Tempo que não volta
e não passa…
Parece que não sobra
mais espaço…
Entre o meio certo
e o tudo errado…

Pulo de janelas
sempre do primeiro
andar
de onde não se
morre
apenas se machuca
e a mais ninguém.
Como se não suportasse
dor maior
de viver…
Poesia é o exercício
de se abrir
sem medo de se perder
de se esvair…

Qual é a sua
que fica aí me seduzindo
toda de roupa
só pra eu te imaginar
sem nada ?

Desculpa se ainda te amo
não queria mas te amo
assim como sempre
desde o início
por isso não te perdoo
por tentar viver sem mim
e sofro em te ver
dói até o fundo
da alma…
E me pergunto porque
é tão difícil…
E me pergunto se
você vai me perdoar
algum dia…
Desculpa se fugi da
sua loucura, da sua dor
desculpa se não te disse
tudo que devia
como por exemplo
eu te amo
não consigo te esquecer
tá difícil sem você
entendeu ?

Queria fazer uma poesia
que dissesse tudo
que eu penso…
que dissesse todo
carinho que tenho por você
que dissesse toda a
preocupação que tenho por você
que dissesse toda
falta que me faz
que dissesse tudo
que eu temo,
tudo que eu quero
tudo que eu posso…
Queria uma poesia
de desejos, de vontades
de sonhos e de fantasia
Enfim queria fazer
uma poesia que fosse
ponte, que fosse estrada
ou mesmo linha aérea
uma poesia de você perto de mim

A ferida sem corte
a dor sem ferida
aquela mesma que não se ve
e que não passou
não passou…

Ainda sem tua voz
pereço
como peixe fora d’água
morro pela boca
em palavras
e música
que me ligam a ti
perco sorrisos
cansados
e juntos estamos sozinhos
lembrando dos planos
olhando pra cima
e contando estrelas que
já não estavam ali
e sem saber
não vi o mundo girar
nem vi meus olhos
olhando pra trás
te vendo ir embora…

A falta que me faz
me vem como dor
perene e comovente
de quem não alcança mais
A falta que me faz
me vem como cegueira
como noite eterna
de eterno vazio
A falta que me faz
me vem como surdez
como silêncio pacífico
de brancos tons
A falta que me faz
me vem como mudez
de quem grita amor
mas só ouve ecos
A falta que me faz
me vem como dor
como quem se vê
partido em dois
e nada pode fazer
para evitar separar…